POR: LETÍCIA
GONÇALVES - PUBLICADO EM 25/02/2013
O Transtorno de Déficit de
Atenção e Hiperatividade é o transtorno psiquiátrico mais comum
não-diagnosticado entre os adultos e um dos mais prevalentes na população
mundial: 3 a 5% de adultos e crianças apresentam o problema, segundo o
psicólogo clínico Ronaldo Ramos, diretor executivo da Associação Brasileira de
TDAH. Um novo levantamento feito pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) também mostra que o consumo do medicamento metilfenidato, usado para o
tratamento de hiperatividade, cresceu 75% de 2009 a 2011 por crianças com
idades entre seis a 16 anos.
"O uso de medicação
contra TDAH pode ser iniciado por volta dos oito anos de idade, de forma a
estimular uma maior produção de neurotransmissores no cérebro da criança e
melhorar a atenção", explica o psicólogo Ronaldo. Mas é preciso fazer um
diagnóstico preciso da doença antes e - se realmente for detectado o problema -
aliar ao tratamento medicamentoso terapias e alguns hábitos diários. Confira o
que especialistas recomendam aos pais e responsáveis para melhorar o convívio,
o bem-estar e o desenvolvimento da criança.
Regras são necessárias:
A neuropsiquiatra Evelyn
Vinocur, especialista em TDAH, dá a seguinte recomendação: "Estabeleça regras
de modo simples e específico e escreva-as em post-its que fiquem em locais de
fácil visão para o seu filho". Você também pode pedir para que ele repita
as instruções, de forma a fixá-las, mas sem esbravejar - sempre com paciência.
Segundo o psiquiatra infantil
Gustavo Teixeira, professor visitante do Departament of Special Education da
Bridgewater State University, nos Estados Unidos, crianças com TDAH apresentam
dificuldade em se organizar, são "esquecidas". "Devemos auxiliar
com estratégias que prendam a atenção e as façam se lembrar de compromissos e
regras", explica o médico.
Reforço positivo:
Gustavo Teixeira
conta que elogios são bons exemplos de reforço positivo em casos de bons
comportamentos: "Vamos lá", "você consegue",
"parabéns", "bom trabalho". Fique atento a todas as
oportunidades para elogiar sempre que ele fizer algo corretamente. "Mas
tenha cuidado para não exagerar demais quando há pequenos acertos, pois ele vai
perceber", comenta Evelyn Vinocur. Procure elogiar o que há de melhor na
criança.
Limite de críticas:
Se
não for possível elogiar o comportamento, dê um retorno mesmo assim - sempre
por meio de um diálogo. Lembre-se de que isso não é um passe livre para
criticar demais a criança, mas sim esclarecer o que seria mais apropriado e
esperado dela naquele momento. "Criticar demais prejudica a autoestima da
criança, que é ainda mais vulnerável por causa do TDAH", explica o
psiquiatra infantil Gustavo. Cobre empenho e não resultados.
Planeje as atividades:
"Crianças com TDAH apresentam
dificuldade em gerenciar o tempo e se organizar em qualquer atividade",
explica Gustavo Teixeira. Por isso, ajude o seu filho a mudar de forma suave e
gradativa, planejando com antecedência as atividades. Procure também preparar a
criança para qualquer mudança que altere a sua rotina, como festas, mudanças de
escola ou de residência.
Paciência e humor:
É verdade que todos os pais
precisam ter muita paciência e bom humor para educar os seus filhos, mas pais
de crianças com TDAH precisam reforçar um pouco mais esse cuidado. Pode ser
difícil entender algumas atitudes impulsivas da criança, que tende a agir e
falar em alguns momentos sem pensar ou a não prestar atenção em assuntos
importantes. "Com senso de humor e calma, você terá condições de evitar
conflitos", sugere Evelyn Vinocur.
Respeito e compreensão:
"Tenha sempre em mente
que você está lidando com uma condição médica que seu filho tem e não com uma
falha de caráter", afirma Evelyn Vinocur. Espere que seu filho tenha dias
bons e ruins, mas lembre-se de que culpar o seu filho, você ou seu companheiro
não vai ajudar em nada. "Todos vocês estão juntos no mesmo barco e fazendo
o melhor que podem", diz a neuropsiquiatra.
Não se esqueça de que seu
filho está tentando corresponder às expectativas, mas às vezes não consegue por
conta das características do TDAH. Procure não desanimar diante dos obstáculos.
Converse bastante com especialistas para se sentir melhor e mais seguro diante
de suas atitudes com a criança.
Seja objetivo:
Mantenha limites claros e
consistentes, olhando nos olhos da criança sempre que for falar e
relembrando-os com frequência. "Não fale muito nem seja mole demais -
responda com clareza a ação apropriada", sugere Evelyn Vinocur. Dessa
forma, você facilita o entendimento e a compreensão das regras.
Evite comparações:
Se você tem mais
de um filho, não faça comparações entre eles. "Cada criança tem suas
facilidades ou dificuldades específicas e fazer comparações pode estimular a
competição entre elas e prejudicar a autoestima", esclarece o psiquiatra
infantil Gustavo.
Saiba o que a criança está sentindo:
Não sabe como? O diálogo é
sempre o melhor caminho. "Conversar, explicar, orientar, apoiar e procurar
entender as dificuldades da criança é fundamental para ajudar no desenvolvimento
acadêmico e social", afirma Gustavo Teixeira. Nessas conversas, procure
sempre perguntar do que a criança precisa e o que está achando das coisas. É
claro que não vai dar para atender a todos os pedidos dela, mas é possível
estabelecer acordos.
Atividades sempre finalizadas:
Ensine a criança a não
interromper as atividades. O psicólogo clínico Ronaldo Ramos, diretor executivo
da Associação Brasileira de TDAH, conta que a criança com a doença tem
dificuldade de completar tarefas porque há outros estímulos dentro do ambiente
que ela está que chamam a sua atenção, dificultando o foco. "Procure
estabelecer um período certo para a tarefa que não seja muito prolongado,
incluindo também alguns momentos de descanso entre uma atividade e outra",
sugere o especialista.
Quarto sem estímulos exagerados:
O quarto não pode ser um lugar
repleto de elementos que vão desviar o foco da criança, como brinquedos,
pôsteres, etc. "Isso não quer dizer que não é possível decorar o ambiente
do seu filho, mas sim que é preciso isolar alguns locais específicos",
explica o psicólogo Ronaldo, que dá um exemplo: o canto onde a criança vai
estudar precisa ser uma escrivaninha com poucos objetos em cima e sem muitos
pôsteres na parede. "Esse cuidado é uma forma de melhorar o rendimento da
atenção."
Estimule a pratica de atividades físicas:
A criança com TDAH que tem
agitação psicomotora pode se beneficiar dos exercícios físicos. "É bom
intercalar atividades mais calmas com atividade física, como forma de lazer e
para gastar um pouco da energia e diminuir a agitação", explica Ronaldo
Ramos. Mas é importante estabelecer regras: pode jogar futebol por uma hora,
por exemplo, e não durante mais de quatro horas seguidas. "A criança pode
não ter limites se gostar muito da atividade, a ponto de não se dedicar a
outras atividades e ficar exausta", conta o psicólogo.
Estimule amizades:
É por meio do contato com
outras crianças que o seu filho também irá aprender algumas regras de
sociabilidade e estabelecer limites para suas atitudes. "As crianças
hiperativas falam tudo o que vem à cabeça, sem filtrar, e podem se tornar
desagradáveis nos relacionamentos", diz o psicólogo Ronaldo. "Já as
crianças que são mais desatentas tendem a ser mais introspectivas, precisando
de um estímulo para se relacionar." Procure sempre conversar com os
professores da escola para saber como anda o convívio do seu filho com os
colegas e o comportamento de todos.
Estimule a independência:
É nos pais que a criança com
TDAH encontra um porto seguro que está sempre à disposição para ajudá-la a se
organizar, a agir e a não perder o foco. "Não é errado, mas é preciso
fazer com que ela aos poucos se lembre das regras e se organize sozinha",
recomenda Ronaldo Ramos.
Brincadeiras com jogos e regras:
Além de serem divertidas,
essas brincadeiras desenvolvem a atenção da criança e permitem que ela se
organize por meio de regras e limites. Desse modo, o filho aprende a participar
e a compreender momentos de vitória, empate e de derrota.
Recarregue a "bateria":
Algumas crianças com TDAH
podem descarregar a energia rapidamente. Se for o caso do seu filho, procure
sempre incluir momentos na rotina para recarregar a disposição: um simples
cochilo durante o dia, o hábito de passear com o cachorro, um fim de semana
diferente longe de casa, entre outras atividades. Descubra como a sua criança
pode se sentir melhor.
Para melhor
saber sobre crianças com TDAH acesse:
http://www.universotdah.com.br/
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