terça-feira, 29 de julho de 2014

Como lidar com a frustração das crianças após derrota do Brasil na Copa:

Por Giovanna Tavares - iG São Paulo | 10/07/2014 15:09


Mesmo dolorosos, esses momentos são propícios para a reflexão. Especialistas ensinam como conversar com os fãs mirins sobre decepções e perdas



Crianças protagonizaram cenas de tristeza durante o jogo que eliminou o Brasil da Copa.
A sensação de que tudo não passava de um sonho – ou pesadelo – foi comum à maioria dos brasileiros na última terça-feira (08), durante a disputa entre Brasil e Alemanha pela Copa do Mundo. O jogo terminou com um placar avassalador de 7 a 1 para os alemães. Algumas imagens dos torcedores ficarão na memória e, entre elas, muitas foram protagonizadas por quem não acreditava que aquela seleção de heróis pudesse ser derrotada: as crianças.
Se para os adultos foi difícil lidar com uma frustração tão grande, para os pequenos não foi diferente. Como eles ainda têm uma interpretação da realidade muito diferente da dos pais, o sentimento de perda tende a ser maior.
“Embora nós já soubéssemos que o Brasil não vinha jogando muito bem, a tristeza é totalmente adequada nesse momento. Existia uma expectativa muito grande. Mesmo assim, o importante é que os pais façam uma reflexão crítica com as crianças depois da derrota”, explica a psicóloga infantil Ana Cássia Maturano.
Segundo a especialista, situações frustrantes como essa são o momento perfeito para trabalhar a maturidade dos filhos. Não há problema nenhum em ficar triste ou desapontado com o resultado ruim, muito pelo contrário. O espaço para a tristeza, bem como sua duração, devem ser respeitados. É aí que o aprendizado pode acontecer.

O choro deve ser livre


Depois da lamentação, naturalmente, vem a reflexão. Em relação ao último jogo da seleção brasileira, por exemplo, os pais podem explicar por que a vitória alemã foi merecida. Outro ponto é discutir quais foram os erros do Brasil e o que pode ser feito nos próximos anos para garantir o tão almejado título. Essa postura é válida para outros momentos, como quando a criança tira uma nota ruim na escola ou perde alguma competição com os amiguinhos.
Agir com agressividade ou proibir que ela se sinta triste é um erro que pode trazer consequências graves no futuro. “Quando você reprime o choro ou a angústia, está dizendo que seu filho é fraco. Como se ele não tivesse direito de se sentir assim. Essa criança pode virar um adulto deprimido e inseguro”, alerta Ana Cássia.
“Toda decepção é uma oportunidade de aprendizado e tem um lado positivo, que os pais devem ressaltar. Só assim a criança consegue superar a tristeza”, reforça a psicóloga Maria Eduarda Vasselai.

Amor por futebol

Para Enzo, de sete anos, não foi tão fácil assim aceitar que o Brasil tinha sido eliminado. O amor pelo futebol começou com a Copa, bem como a vontade de aprender a jogar futebol, com chuteira e tudo. “Em todos os jogos, nós reunimos a família para torcer e vibrar. Nesse dia, enquanto estávamos perplexos com o placar, Enzo nos surpreendeu tirando a camisa do Brasil. Disse que não torceria mais para um time de perdedores”, lembra a mãe Camilla Guimarães Alves.
A saída foi acalmá-lo e explicar que não era certo fazer aquilo com a camisa do time, mesmo que todos estivessem bravos com o resultado. “Eu disse a ele que, apesar de tudo, somos brasileiros e temos que amar nosso país e nossa seleção. No futebol e na vida é assim mesmo, um dia a gente ganha e em outro a gente perde”, conta Camilla. Enzo compreendeu, mas não deixou de comemorar os gols da Alemanha.

Desapego

Respeitar o “período de luto” das crianças, depois de alguma decepção, é fundamental. Mesmo assim, vale colocar na balança quais as situações que merecem ser verdadeiramente lamentadas, para que o sofrimento não seja reforçado pelos pais.


Enzo teve dificuldade para aceitar que o Brasil tinha sido eliminado na Copa do Mundo
Com o futebol, por exemplo, a angústia pode ser mais breve e não precisa ser remediada a todo custo. Nesse caso, as crianças precisam compreender que algumas coisas estão fora de seu controle, como a vitória ou a derrota de um time. Sendo assim, não há por que se lamentar tanto, apenas aceitar o ocorrido e seguir em frente.
Esse desapego, que ás vezes é mais comum para crianças do que para adultos, pode pegar alguns pais de surpresa. Com Loraine Collino, mãe da Anna Clara, de seis anos, o inesperado se deu com a superação rápida diante da derrota do Brasil.
“Eu fiquei nervosa e parei de ver o jogo assim que acabou o primeiro tempo, enquanto ela continuou brincando com as primas. Quando acabou, perguntei como ela estava. Ela me disse: ‘normal, mamãe, mas triste porque perdemos. Acabou a Copa para o Brasil, mas não faz mal porque tem outros jogos ainda’”, repete Loraine.
Segundo a mãe, Anna sempre foi muito competitiva e não lidava bem com frustrações e perdas. A calma da criança até espantou os pais. “Ela aprendeu uma lição, em toda sua inocência. De alguma maneira, entendeu que nem sempre as coisas acontecem exatamente do jeito que queremos”, acredita.

Disponível em: http://delas.ig.com.br

terça-feira, 15 de julho de 2014

Contar histórias para as crianças

Disponível em: www.alobebe.com.br

Qual é o adulto que não se recorda com enorme prazer dos momentos de histórias da infância, quando o pai, a mãe, tio e avó convidavam para contar aventuras das histórias infantis?

Hoje, alia-se à eterna falta de tempo de pais e outros adultos próximos das crianças a conveniência das modernas e sofisticadas técnicas eletrônicas para entreter a meninada. Especialmente nos grandes centros urbanos, o contar histórias vem sendo muitas vezes substituído pela televisão e pelo computador. 

A diminuição do ato de contar histórias, contribui, em última análise, para a diminuição de vínculos entre pais e filhos e até mesmo entre as crianças. A representação da imagem mental, que acontece quando a criança ouve uma história, é um instrumento poderoso no desenvolvimento do seu pensamento. E os pequenos estão, nesses momentos, recebendo novos elementos para facilitar sua socialização e oralidade, diz a professora e doutora Maria Angela Barbato Carneiro, da Faculdade de Educação da PUC/SP.



Poucas regras para contar histórias:

Não existe hora certa para contar uma história. A oportunidade e o interesse da criança é que mandam. E vale quase tudo para contar histórias, levando-se em conta a curiosidade inesgotável dos pequenos. "Temos os mais diversos portadores de texto para fazer isso", afirma Maria Ângela. Ela cita não só textos e imagens gráficas, mas aponta também a fotografia, a poesia, a música e, por que não, até a padronagem de um tecido.

Ela observa, porém, que deve-se atentar para a idade da criança e sua capacidade de concentração na escolha da história certa. Para os menores, na hora de contar histórias, o ideal é propor histórias curtas, com muitas imagens. A imitação de sons e vozes diferentes, gestos e movimentos também são muito importantes, porque vão permitir uma interação maior.

Com o hábito de contar histórias, o ganho de vocabulário acontece sempre, assim como o estímulo que a descoberta e a aventura das histórias representa na formação de futuros leitores. O "conta outra vez" - demanda quase automática ao fim da história -, explica a professora, é uma forma da criança buscar segurança. E o estímulo deve começar cedo, quanto antes, melhor.

Se a história for contada pelo papai ou pela mamãe, melhor ainda. "Isso faz a relação pai e filho ficar mais rica, a troca afetiva é maior." Então, é colocar a imaginação para funcionar e apostar no bom e velho conhecido "Era uma vez... e contar uma história".