segunda-feira, 15 de março de 2010

Meu filho adora chupeta. Isso é preocupante?

Muitas crianças se acalmam quando chupam a chupeta e chegam a usá-la até ter 5 ou 6 anos. Às vezes a chupeta também ajuda a criança a aliviar o estresse ou a se adaptar a situações novas e desafiadoras, como começar a ir à creche ou escolinha, ou fazer uma viagem longa de carro.
Há boas razões, porém, para ir convencendo seu filho de que é bom abandonar o hábito. Se ele tiver tendência a infecções no ouvido, por exemplo, largar a chupeta pode ser uma boa ideia. Um estudo mostrou que crianças que não usavam chupeta tinham 33% menos incidência desse tipo de infecção no ouvido médio.
A chupeta também não ajuda crianças que parecem estar desenvolvendo problemas na hora de falar. O ato de sugar ou chupar mantém a boca da criança em uma posição pouco natural, dificultando o desenvolvimento dos músculos da língua e dos lábios, explica a especialista norte-americana Patricia Hamaguchi, autora de um livro sobre a fala ("Childhood, speech, language, and listening problems: What every parent should know").
Mesmo que não dê para perceber algum problema, seu filho está aprendendo a falar, e fazer isso com uma chupeta na boca pode atrapalhar o processo, alterando o modo como os sons são pronunciados e forçando a língua a descansar numa posição pouco natural.
Em alguns casos, o uso frequente da chupeta faz com que a língua se projete para a frente, o que pode causar problemas nos dentes ou de ceceio (às vezes confundido com a língua presa: a língua entra no meio dos dentes na hora de falar sons como "s" e "z").
Por esses motivos, é recomendado limitar o tempo de chupeta da criança ao mínimo possível.
Procure usar as chupetas pequenas e macias, como as de tamanho para recém-nascidos. Quando ela tiver por volta de 1 ano e meio, é melhor pensar em fazer a criança parar de vez.
Crianças com o hábito de chupar constantemente os dedos ou a chupeta podem ter problemas com o crescimento dos dentes frontais superiores. Mas dentistas dizem que, na maioria das crianças, a chupeta não provoca nenhum problema até que surjam os dentes permanentes - por volta dos 4 a 6 anos de idade.
Mesmo assim, é uma boa ideia contar ao dentista sobre a chupeta, para que ele veja se está tudo bem com os dentes e a mandíbula da criança.

Como faço meu filho largar a chupeta?

O ideal é que seu filho largue a chupeta sozinho, pois sua necessidade de chupar algo deveria diminuir naturalmente conforme ele cresce.

Para ajudá-lo, fique de olho e, quando ele for querer a chupeta, providencie algo para substituí-la. Se ele pega a chupeta quando está entediado, ofereça alguma atividade mais interessante, como um livro para folhear, ou faça caretas engraçadas para distraí-lo.
Já se a criança tende a colocar a chupeta na boca quando está preocupada ou se sentindo insegura, ajude-a a explicar o que ela está sentindo. Faça perguntas para descobrir o que está acontecendo e conforte-a de outro jeito - com beijos e abraços, por exemplo.
Para encorajar seu filho, elogie quando ele conseguir ficar sem a chupeta. Você também pode controlar o uso da chupeta, e deixar que ele a use só à noite ou na hora do cochilo. E procure não oferecer a chupeta. Se ele não pedir, não dê, mesmo que ele esteja acostumado a dormir com o bico.
Experimente usar um calendário para anotar os dias que seu filho ficou sem a chupeta. Para cada dia sem, marque com um adesivo colorido, como uma estrelinha dourada. E quando ele completar uma semana sem chupeta, dê um prêmio, como um passeio especial ou uma brincadeira a dois.
Mas até que a chupeta seja totalmente abandonada, seja paciente e continue com os cuidados básicos: lave bem a chupeta uma vez por dia e também quando ela cair no chão. Deixar a chupeta por alguns minutos numa solução com água e vinagre branco uma vez por dia ajuda a prevenir o aparecimento de fungos. Enxágue bem e deixe secar naturalmente. Ensine seu filho a nunca emprestar a chupeta a amiguinhos.
Quando lavar a chupeta, verifique se o bico está firmemente colado à base (para que não haja risco de ele se soltar e seu filho engasgar) e troque assim que vir algum sinal de desgaste.

Truques e estratégias para a chupeta ir embora de vez

• Vá diminuindo aos poucos os períodos em que permite o uso da chupeta.

• Restrinja a chupeta a momentos críticos do dia, como a hora de dormir ou quando seu filho está doente, se sentindo mal. Seja firme.

• Se for premiar a criança por não usar a chupeta, prefira brincadeiras, passeios, privilégios, adesivos ou presentinhos simples - não dê doces a ela no lugar da chupeta.

• Reforce a ideia de que crianças mais velhas não usam chupeta - elas gostam de sentir mais crescidas.

• Incentive a criança a dar todas as chupetas para alguém.

• Converse com outros pais para saber que estratégias eles usaram (os fóruns do BabyCenter são um ótimo local para isso). Há quem faça, por exemplo, um furinho na chupeta, prejudicando a sucção, e diga ao filho que a chupeta "quebrou".

• Identifique os sinais de que seu filho está pronto para largar a chupeta e aproveite o momento. Durante um resfriado, é comum que a criança rejeite a chupeta, pois precisa respirar pela boca por causa do nariz entupido. Se isso acontecer, tire as chupetas de vista e espere. Quando seu filho pedir a chupeta, não dê imediatamente. Pode ser que ele largue o hábito naturalmente.

• Invista na rotina da hora de dormir: anuncie uma mudança (um bichinho novo, a mudança do berço para a cama, um novo hábito, de ouvir música ou contar histórias de um livro, por exemplo), e explique que na nova rotina - de criança grande - não há espaço para a chupeta. O entusiasmo com a novidade pode ajudar.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Coisas de Criança

Quando as crianças mordem

Quantos de vocês já receberam a notícia de que seu filho mordeu outra criança ou foi mordido. Se você tem um filho que morde imagino que pode sentir-se muito impotente e incomodado com o comentário desaprovador de outros pais, além de temer que seu filho venha a ser discriminado na escola ou até tornar-se um adulto agressivo.

Tenha calma. Inicialmente, temos que compreender este fato considerando as características do desenvolvimento das crianças. Observamos que os bebês costumam morder seus cuidadores. É através da boca que obtêm prazer e realizam suas descobertas. O morder, assim como o sugar, o chupar e o ato de emitir sons são exemplos de ações com as quais pode se relacionar com o mundo externo. Neste sentido, a mordida é um dos meios que o bebê utiliza para conhecer tudo que o cerca, para distinguir o que faz parte do outro.

Por volta dos dois anos, a mordida é um meio da criança expressar seu descontentamento, sua raiva, quando há disputa pela posse de algum objeto, pela companhia de alguém ou pela vez de brincar. Normalmente, a criança não planeja morder. Este é um jeito impulsivo dela se aliviar quando passa por uma situação desconfortável.

Diante disto, cabe ao adulto atender tanto a criança mordida quanto a que mordeu. A primeira necessita ser confortada. Temos, no entanto, que avaliar se ela, por algum motivo, não se defendeu como poderia ou se até provocou a mordida. Já a criança que mordeu necessitará da ajuda do adulto para encontrar maneiras mais adequadas de expressar seus sentimentos. Ela precisa encontrar nele um modelo que oferecerá formas mais aceitáveis de adquirir o que se quer.

1 a 3 Anos

Pequenos Mordedores
Morder é uma forma de expressão, uma fase passageira. Mas exige, desde a primeira vez, a ação dos pais.

Quando você menos espera, nhac! Seu anjinho ainda está mamando e já ataca seu peito sem piedade, com uma mordida daquelas, experimentando o uso e a forças dos primeiros dentinhos. Você pode não ter se dado conta, mas os dentes são os primeiros recursos que a criança ganha e que pode ser usado para intervir no ambiente, para mostrar aos outros que ela tem presença ativa.

As mordidas podem começar assim. Depois, seu filho morde os brinquedos, como uma forma de exploração. Mais crescido, porém, pode usar a mordida para expressar descontentamento, fazendo vítimas entre os amiguinhos, os avós ou até mesmo a babá e a professora.

“ Por não articular bem as palavras, a criança dessa idade exprime-se por meio do corpo e dos gestos. Para ela, morder é uma forma natural de mostrar ao outro que está com raiva”, afirma a psiquiatra Lídia Strauss, da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O que fazer

As mordidas são uma fase passageira. No entanto, mesmo que pareçam de brincadeira e não machuquem ninguém, não devem, jamais, ganhar aprovação. Caso contrário, a criança pode pensar que o que fez é bom.

A mãe de Sabrina resolveu apenas não dar bola para as primeiras mordidas que a filha, com 1 ano e meio, deu em algumas pessoas da família. Até que a menina mordeu seu seio quando estava sendo amamentada. “ Eu a repreendi, dizendo que tinha me machucado. Ela começou a chorar, percebendo que eu fiquei triste, e nunca mais mordeu ninguém”, conta a engenheira química Jaqueline Tomita.

Palavras como “dói” e “não pode” são a melhor reação para orientar a criança a não morder. Segundo a psiquiatra Lídia, alongar as explicações não adianta, porque o filho dessa idade não entende. “Aos poucos, ele aprende a reconhecer os sinais dos pais que indicam o que não deve fazer”.
Mordidas demais

Com o tempo, também, a criança aprende outras formas de se expressar e deixa as mordidas de lado. Se isso não acontecer a partir dos 3 ou 4 anos, e seu filho continuar a usar a mordida para aliviar tensões, é melhor ficar atenta. “ Toda criança pode se alterar momentaneamente, por exemplo, numa brincadeira. Mas mordidas sinalizam agressividade sem controle”, diz Lídia. Se a ação se repetir com freqüência, a médica aconselha a procurar a ajuda de um profissional.

Seu filho morde porque...

Está insatisfeito e quer mostrar isso;

Quer demonstrar força e ver a reação que provoca;

Não tem vocabulário suficiente para se expressar.

Você deve...

Conter tal comportamento sempre, impedindo que ele morda;

Dizer a ele que isso pode machucar as pessoas;

Procurar orientação se as mordidas se tornarem frequentes.

Fabíola Corrêa Alba é Psicóloga, graduada pela PUC-RS. Especialista em Psicoterapia da Infância e Adolescência pelo CEAPIA (Centro de Estudos Atendimento e Pesquisa da Infância e Adolescência).