quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Criança que ouve direito...

…não sofre para se socializar e tem um melhor desempenho na escola. Detectar distúrbios de audição precocemente — de preferência, ainda na maternidade — é a chave para contornar a surdez e ajudar a meninada a se desenvolver numa boa.

Por Camila Carvas

VALE DESCONFIAR DE PROBLEMA AUDITIVO QUANDO A CRIANÇA...

...demora a falar
...não reage bem a sons muito altos, como o barulho de uma porta batendo
...tem dificuldade para entender o que os outros falam
...não consegue se comunicar direito ao telefone
...aumenta frequentemente o volume do rádio e da televisão
...fala muito alto
...faz trocas ou comete muitos erros ao escrever
...tem problemas de compreensão
...é hiperativa
...é distraída e necessita que as ordens sejam repetidas

A história começa com as ondas de som de uma palavra penetrando no ouvido da criança. Orelha adentro, elas se transformam em impulsos elétricos que trafegam velozmente, de neurônio em neurônio, até alcançar uma área do cérebro chamada córtex auditivo. Lá, tudo é decodificado e essa complexa viagem se traduz, finalmente, na voz carinhosa da mãe ou na explicação da professora. Mas, quando algo dá errado durante o trajeto, uma porta de contato com o mundo exterior se fecha. O pior de tudo é que, sem ouvir, o pequeno tampouco aprende a falar direito. Mesmo assim, a surdez pode passar anos despercebida — aí, o silêncio só costuma ser quebrado com um susto diante do rendimento escolar.

Uma pesquisa realizada pela fonoaudióloga Ana Cláudia Frizzo, da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto, no interior do estado, avaliou 25 crianças, entre 8 e 14 anos, com dificuldades na escola e constatou que todas elas apresentavam alguma deficiência de audição. É mais uma prova da conexão entre a capacidade de ouvir bem, o desenvolvimento da linguagem e a performance na sala de aula. “A aquisição da leitura e da escrita é baseada na correspondência do som com a letra”, justifica Ana Cláudia.

Não restam dúvidas de que a perda auditiva, ou surdez, atrapalha o aprendizado e a socialização dos pequenos. Eles podem vir ao mundo com o problema ou, então, adquiri-lo em alguma fase do seu crescimento. “Hoje, felizmente, há menos casos de bebês que nascem surdos porque a mãe teve, durante a gravidez, doenças que comprometem o sistema auditivo da criança, como rubéola e toxoplasmose”, conta o otorrinolaringologista Lauro Alcântara, do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba. Mas o sofrimento durante o parto e infecções contraídas na maternidade também podem provocar a deficiência.


Revista Saúde é Vital:
http://saude.abril.com.br/edicoes/0327/familia/crianca-ouve-direito-595854.shtml?pag=1