segunda-feira, 12 de novembro de 2012

 Pai superprotetor, filho inseguro


Por: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Pais erram ao assumir tarefas que os filhos já teriam condições de fazer, impedindo o seu desenvolvimento emocional e social.

Na medida certa

 

Confira dicas de especialistas para incentivar a autonomia e independência dos filhos:

- Observe o comportamento de seu filho ao liberá-lo para novas experiências, mesmo que isso signifique acompanhá-lo a distância nas primeiras iniciativas – como, por exemplo, quando que ele for à panificadora sozinho.
 
- Não exija da criança um comportamento exemplar nas primeiras tentativas. Ao aparecerem os erros, oriente, apoie e incentive.
 
- Se perceber que seu filho ficará triste se permanecer na reserva durante um jogo, não o impeça de participar e o estimule a treinar mais.
 
- Pergunte ao seu cônjuge, familiares e amigos se eles o consideram protetor demais. Reflita a respeito e converse com o seu filho sobre suas preocupações, mostrando que confia nele.
 
- Avalie se as preocupações com o seu filho o afastam do seu parceiro e atrapalham seu sono ou trabalho. Se a resposta for positiva, repensar suas prioridades trará benefícios não só para o seu filho, mas para toda a família.

 

Exame de consciência

 

Veja algumas características dos personagens das famílias nas quais reina a superproteção:

 

O pai superprotetor

- Costuma justificar seus atos com frases como: “Meu filho não precisa passar por isso” ou “Ninguém cuida dele tão bem quanto eu”.

- Não considera a opinião das crianças, dirige suas escolhas e tem medo de que elas errem e sofram por causa disso.
 
- Prefere que o filho não se exponha a situações que possam feri-lo, como uma competição esportiva. Ao ver o filho em atividades físicas, dá orientações excessivas para que ele não se machuque.
 
- Geralmente se enquadra no perfil de pessoas que foram pais mais velhos, que adota ou que tiveram um filho único ou prematuro, assim como os que sentem culpa por trabalhar muito.


 

Os filhos superprotegidos

 

- Podem crescer ansiosos, perfeccionistas, competitivos, dependentes e indecisos.
 
- Na adolescência costumam ser mais desafiadores e irresponsáveis, acham que todos têm de satisfazer suas vontades.
 
- Demoram mais tempo para sair da casa dos pais, têm problemas de relacionamento em casa e no trabalho. A falta de capacidade de lidar com problemas faz com que se sintam incompreendidos e injustiçados.


Eles ganharam o apelido de “pais helicóptero”, termo criado nos Estados Unidos para definir os chefes de famílias nas quais os filhos são criados sob vigilância próxima, constante e barulhenta. A comparação faz sentido, uma vez que alguns pais gastam energias tentando poupar crianças e adolescentes de perigos e frustrações, preocupados em excesso com a sua proteção. Es¬ta atitude, de acordo com psicólogos, mais atrapalha do que colabora.

Apesar de terem conceitos opostos, negligência e superproteção se igualam se considerados seus riscos para o desenvolvimento emocio¬nal, social e até físico dos pequenos. Pais superprotetores não só limitam as experiências do filho na tentativa de proibir tudo que possa pôr em risco sua integridade como prejudicam a sua auto¬nomia ao assumir tarefas que o filho já teria condições de desempenhar.

O fato de que há cada vez mais famílias com filhos únicos e pais tardios piora esse quadro. Nessas circunstâncias, em muitos ca¬¬sos as crianças são aguardadas ansiosamente e vistas como um projeto no qual se exige demais que elas sejam bem preparadas e mais bem sucedidas para enfrentar o dia a dia de uma sociedade altamente competitiva. Ao mesmo tempo, o medo de que o filho sofra algum tipo de violência agrava a tendência paternal de impedi-lo de arriscar-se em situações normais da vida.

Para evitar esses exageros, é preciso buscar o bom senso, explica a psicóloga Graziela Sapienza, professora de Psi¬cologia da Pontifícia Uni¬versidade Ca¬tó¬lica do Pa¬raná (PUCPR). “Os pais devem proteger os filhos de situações estressantes e perigosas, porém é importante que os filhos passem por situações frustrantes e as superem com o apoio dos pais”, afirma.