quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Ensinar tem cheiro de oficina

(Para refletir: Pais e Mestres)


Ensinar tem cheiro de oficina

Marcos Meier


Quando eu tinha cinco anos de idade, costumava ir a oficina de meu avô e explorar os mais intrigantes objetos. Ele era um sapateiro. Não daqueles que, heroicamente, vivem a custa de pequenos consertos em botas ou sapatos; ele os construía do couro bruto até a última pincelada de tinta preta. Eu sentia o cheiro do couro, da tinta, da cola e do pó. Com cinco anos de idade, a imagem de um homenzarrão de avental de couro e uma faca afiada na mão impunha muito respeito. Mostrava-me o couro cru sobre o balcão, os moldes, os cortes, as formas, as máquinas de lixar que ele próprio inventara e o processo de fabricação até o produto final sobre a prateleira.

Mas não era essa imagem rude que me fascinava. Era seu jeito carinhoso de pegar-me no colo, abrir um jornal e explicar com uma paciência enorme o som de cada sílaba e o nome de cada letra. Não havia uma didática especializada, não havia nenhum método pedagógico específico, mas fui alfabetizado. Aprendi a ver o mundo inteiro através daquelas páginas enormes suspensas no ar por mãos calejadas, rudes, ásperas.

O que fez a diferença? Por que ainda hoje lembro de sua voz, de suas correções e de seus elogios? Porque havia amor. As botas cano alto, os sapatos de salto ou o meu processo de alfabetização recebiam uma espécie de atenção que só existe naqueles que amam. Essa marca carrego ainda hoje. Lembro-me do carinho, da dedicação, das broncas e dos elogios.

Hoje meu jeito de ensinar esta impregnado pela memória de meu avo. Provoco meus alunos, aponto falhas, elogio seus progressos e acima de tudo, respeito-os.

Quando leciono, provoco reflexões, assumo o argumento contrário e luto por ele ate ser esmagado pela opinião bem fundamentada de meus alunos. Faço o contrário também. A síntese é construída por todos nós.

Quando apresento um conhecimento já elaborado por um autor, vou trocando idéias com meus alunos para que esse conhecimento possa ser incorporado, ligado, relacionado aquilo que eles próprios já construíram, possibilitando-lhes a aprendizagem significativa como diz o educador David Ausubel.

A maiêutica socrática em que uma ideia se faz nascer e em seguida e lapidada por meio de diálogo argumentativo é o tom de minhas conversas com os alunos.

Leciono em cursos de pós-graduação. Como trabalho final, os alunos precisam construir um texto. Escolhem o tema, a forma de desenvolver o artigo, as obras a serem pesquisadas, o problema a ser levantado e a hipótese a ser defendida ou negada. Esses alunos têm a possibilidade de criar, de serem autores. Em suas próprias vidas e isso que precisam constantemente fazer. Quando desistem desse projeto, tornam-se escravos da mídia, da sociedade capitalista, da ostentação dos bens materiais, da moda e do consumismo em detrimento dos valores humanos de solidariedade, amizade, tolerância e de luta por igualdade e justiça social.

Entretanto, surgem alunos que não "aderem" ao processo. Preferem aulas expositivas nas quais tudo e sintetizado e explicado de forma que possam, passivamente, receber as informações e anotá-las pensado que suas anotações, uma vez memorizadas, podem ser transformadas em notas. Triste realidade.

Os alunos que aderem ao processo são diferentes. São autores de sua própria história, como diria Paulo Freire. Assim, o desafio de alcançar os alunos passivos torna-se maior. É preciso dizer "não importa a nota, o que você veio fazer aqui?” "De que forma posso lhe ajudar?" Enfim, e preciso colocá-los no colo, abrir um jornal e carinhosamente ajudá-los a entender o mundo. Ajudá-los a perceber que não são as letras que importam, mas o que elas dizem. De vez em quando, uma bronca, uma provocação, uma pergunta para guardar. Outras vezes, é preciso mostrar o couro cru sobre o balcão e a bota de cano alto na prateleira, deixando que a imaginação preencha o espaço entre eles.

Meu avô faliu. A indústria de calçados aprendeu a fazer sapatos em série e a diminuir os preços. Ninguém mais queria suas botas e seus sapatos. Preferiam tênis ou sapatos que logo pudessem ser substituídos por outros mais modernos, "da moda". Entretanto, meu avô jamais foi um fracassado. Ele teve sucesso numa das maiores e mais significativas missões: educar.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A ESCOLA ALDEIA BETÂNIA APROVA ESTA IDEIA:

Fiscalização do uso da cadeirinha

Inicia no dia 1º de setembro a obrigatoriedade do equipamento

A partir de 1º de setembro de 2010, o uso da cadeirinha para o transporte de crianças no veículo será obrigatório. Neste dia, iniciam as ações de fiscalização por parte dos órgãos de trânsito para garantir que a medida seja colocada em prática. A regra foi estabelecida pela Resolução 277 do Conselho Nacional de Trânsito, em maio de 2008, e estabeleceu que crianças de até sete anos e meio devem ser transportadas obrigatoriamente no banco traseiro e em dispositivos de retenção (bebê conforto, cadeirinha e assento de elevação).

A ONG CRIANÇA SEGURA já vem desde 2001 alertando a sociedade para a importância do uso do equipamento. A ONG reconhece que a norma ainda necessita de ajustes, mas é um primeiro passo que deve ser comemorado. Estudos americanos mostram que cadeiras de segurança para crianças, quando instaladas e usadas corretamente, diminuem os riscos de óbito em até 71% em caso de acidente.

Mais do que estar na cadeirinha, a criança deve estar na cadeirinha correta

O uso do equipamento adequado deve ser observado com muita atenção, principalmente pelos responsáveis. O equipamento correto é aquele que leva em conta o peso da criança. Por este motivo, existem três modelos diferentes: o bebê conforto, a cadeirinha e o assento de elevação.

Além de adquirir o produto correto, de acordo com as indicações do fabricante, é essencial observar se o equipamento possui o Selo do Inmetro ou, no caso de produtos adquiridos fora do Brasil, se possuem certificação européia ou americana. A instalação correta também é essencial. Esse serviço geralmente é oferecido nas lojas onde esses produtos são adquiridos e os pais também podem buscar orientações no manual do produto.

Cinto de segurança

O uso do cinto de segurança não é a forma mais segura de transporte em veículos no caso de crianças com altura inferior a 1,45 cm. Por este motivo é que é indicado o uso do bebê conforto, da cadeirinha ou do assento de elevação. Uma questão polêmica que trouxe a resolução refere-se à instalação destes dispositivos, já que a maioria necessita do cinto de segurança de três pontos e grande parte da frota brasileira possui apenas o cinto de dois pontos no banco de trás dos veículos. “A norma brasileira para dispositivos de retenção de crianças é baseada na norma européia e por este motivo existe esta incompatibilidade do equipamento com o cinto. Para oferecer menor risco possível, a cadeirinha deve estar instalada de acordo com o manual e muitas vezes apenas o cinto de três pontos pode ser utilizado”, reforça Alessandra. Para ela, a informação deve ser levada em consideração também de forma preventiva: “A presença do cinto de três pontos deve ser encarada pelos pais e responsáveis como critério de escolha do modelo no momento da compra ou troca do automóvel, pois é mais seguro para todos os ocupantes”.

Guia da Cadeirinha


Veja qual é o tipo de cadeira de segurança mais adequado ao peso e à idade da criança.

Importante:

* Adquira sempre produtos certificados conforme normas européias, americanas ou brasileiras (selo do INMETRO). Na hora de adquirir uma cadeira de segurança dê preferência as lojas que ofereçam auxílio na instalação.

* Antes de comprar a cadeirinha, experimente instalá-la para ver se é apropriada para o cinto e assento do seu carro e peso da criança.

* Não reutilize cadeiras de segurança que já estiveram em um acidente de carro.

* Informações retiradas de www.criancasegura.org.br , acesse e confira mais informações.*