segunda-feira, 8 de março de 2010

Coisas de Criança

Quando as crianças mordem

Quantos de vocês já receberam a notícia de que seu filho mordeu outra criança ou foi mordido. Se você tem um filho que morde imagino que pode sentir-se muito impotente e incomodado com o comentário desaprovador de outros pais, além de temer que seu filho venha a ser discriminado na escola ou até tornar-se um adulto agressivo.

Tenha calma. Inicialmente, temos que compreender este fato considerando as características do desenvolvimento das crianças. Observamos que os bebês costumam morder seus cuidadores. É através da boca que obtêm prazer e realizam suas descobertas. O morder, assim como o sugar, o chupar e o ato de emitir sons são exemplos de ações com as quais pode se relacionar com o mundo externo. Neste sentido, a mordida é um dos meios que o bebê utiliza para conhecer tudo que o cerca, para distinguir o que faz parte do outro.

Por volta dos dois anos, a mordida é um meio da criança expressar seu descontentamento, sua raiva, quando há disputa pela posse de algum objeto, pela companhia de alguém ou pela vez de brincar. Normalmente, a criança não planeja morder. Este é um jeito impulsivo dela se aliviar quando passa por uma situação desconfortável.

Diante disto, cabe ao adulto atender tanto a criança mordida quanto a que mordeu. A primeira necessita ser confortada. Temos, no entanto, que avaliar se ela, por algum motivo, não se defendeu como poderia ou se até provocou a mordida. Já a criança que mordeu necessitará da ajuda do adulto para encontrar maneiras mais adequadas de expressar seus sentimentos. Ela precisa encontrar nele um modelo que oferecerá formas mais aceitáveis de adquirir o que se quer.

1 a 3 Anos

Pequenos Mordedores
Morder é uma forma de expressão, uma fase passageira. Mas exige, desde a primeira vez, a ação dos pais.

Quando você menos espera, nhac! Seu anjinho ainda está mamando e já ataca seu peito sem piedade, com uma mordida daquelas, experimentando o uso e a forças dos primeiros dentinhos. Você pode não ter se dado conta, mas os dentes são os primeiros recursos que a criança ganha e que pode ser usado para intervir no ambiente, para mostrar aos outros que ela tem presença ativa.

As mordidas podem começar assim. Depois, seu filho morde os brinquedos, como uma forma de exploração. Mais crescido, porém, pode usar a mordida para expressar descontentamento, fazendo vítimas entre os amiguinhos, os avós ou até mesmo a babá e a professora.

“ Por não articular bem as palavras, a criança dessa idade exprime-se por meio do corpo e dos gestos. Para ela, morder é uma forma natural de mostrar ao outro que está com raiva”, afirma a psiquiatra Lídia Strauss, da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O que fazer

As mordidas são uma fase passageira. No entanto, mesmo que pareçam de brincadeira e não machuquem ninguém, não devem, jamais, ganhar aprovação. Caso contrário, a criança pode pensar que o que fez é bom.

A mãe de Sabrina resolveu apenas não dar bola para as primeiras mordidas que a filha, com 1 ano e meio, deu em algumas pessoas da família. Até que a menina mordeu seu seio quando estava sendo amamentada. “ Eu a repreendi, dizendo que tinha me machucado. Ela começou a chorar, percebendo que eu fiquei triste, e nunca mais mordeu ninguém”, conta a engenheira química Jaqueline Tomita.

Palavras como “dói” e “não pode” são a melhor reação para orientar a criança a não morder. Segundo a psiquiatra Lídia, alongar as explicações não adianta, porque o filho dessa idade não entende. “Aos poucos, ele aprende a reconhecer os sinais dos pais que indicam o que não deve fazer”.
Mordidas demais

Com o tempo, também, a criança aprende outras formas de se expressar e deixa as mordidas de lado. Se isso não acontecer a partir dos 3 ou 4 anos, e seu filho continuar a usar a mordida para aliviar tensões, é melhor ficar atenta. “ Toda criança pode se alterar momentaneamente, por exemplo, numa brincadeira. Mas mordidas sinalizam agressividade sem controle”, diz Lídia. Se a ação se repetir com freqüência, a médica aconselha a procurar a ajuda de um profissional.

Seu filho morde porque...

Está insatisfeito e quer mostrar isso;

Quer demonstrar força e ver a reação que provoca;

Não tem vocabulário suficiente para se expressar.

Você deve...

Conter tal comportamento sempre, impedindo que ele morda;

Dizer a ele que isso pode machucar as pessoas;

Procurar orientação se as mordidas se tornarem frequentes.

Fabíola Corrêa Alba é Psicóloga, graduada pela PUC-RS. Especialista em Psicoterapia da Infância e Adolescência pelo CEAPIA (Centro de Estudos Atendimento e Pesquisa da Infância e Adolescência).

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